Comida É Afeto | Fogo lento ou fogo rápido?
 

Fogo lento ou fogo rápido?

Fogo lento ou fogo rápido?

‍Se a comensalidade nos diferenciou dos bárbaros, foi o cozinhar que nos fez evoluir como humanos, conforme nos mostra o antropólogo Michael Pollan no seu último livro Cooked.

“O ato de cozinhar está totalmente ligado ao ato de comer, uma necessidade criou a outra. Se o comer era primordial, o cozinhar foi mais um salto na evolução. Poder transformar seu próprio alimento foi uma conquista para facilitar processos nutricionais. O cozinhar alimentos nos dá mais energia, mastigamos menos e absorvemos melhor a comida macia. Cozinhar é vital para a sobrevivência da espécie humana. Em comparação com outros animais, o ser humano é pouco adaptável, e sua capacidade de resiliência é baixa.  Não há possibilidade de sobrevivência na natureza comendo somente alimentos crus. Se perdêssemos a habilidade de fazer fogo morreríamos. O, Homo erectus evoluiu quando aprendeu a cozinhar.  

E como cozinhamos também pode nos dizer muito sobre o contexto socio-econômico-cultural ao qual estamos inseridos. Desde os cozimentos primitivos, mais rudimentares em fogo de chão até o uso dos aparelhos eletrônicos, muita coisa pôde ser observada e dita.

O cozinhar tradicional envolve outro tempo, um tempo lento, de fogo de lenha, que perfuma e saboriza a comida naturalmente dando-lhe um gosto todo especial. O cozinhar moderno é rápido, instantâneo, solitário.

 

Slow Camp Uruguai – 2014

 

A vida na modernidade fortalece a  individualidade, prioriza as escolhas individuais, estimula o isolamento do  indivíduo,
e o cozinhar também entra nesse ritmo.

O modelo das cidades atuais, com apartamentos cada vez menores, nos tirou o prazer da comensalidade. Uma cena típica da rotina moderna é cada pessoa chega em sua casa, descongelar sua refeição no microondas e cada um comer sozinho em seu canto, vendo TV ou na frente de um computador.

Mudanças de hábitos nunca são fáceis, mas são possíveis de serem feitas. Resgatar pequenos prazeres cotidianos à mesa, pouco a pouco nos reconecta com a nossa essência ancestral. Cozinhar, mesmo que rápido, algo fresco, saboroso, para jantar com a família, reservar uma hora da semana para conviver e compartilhar a refeição com amigos, assar um bolo com a receita da vovó podem  proporcionar a você pequenas pílulas de felicidade. E num ritmo antigo, a fogo lento, sua realidade vai mudando e retomando uma forma mais original.

Pra inspirar a todos , deixo uma deliciosa receita de bolo de chocolate, receita especial e tradicional de uma grande amiga, que em todos os encontros na sua casa nos recebia com essa gostosura.

Link bolo de chocolate : https://www.carolsa.com/single-post/2017/10/17/Chocolate-Cake-e-o-segredo-de-Margarida

Até a próxima!

Carol Sá

@chefcarolsa

 

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